A rápida evolução das exportações brasileiras ocorrida nos últimos anos passou de 60,4 bilhões de dólares em 2002, para 137,5 bilhões em 2006 – aumento de 137% - não tem sido acompanhada pelo incremento da sua participação. No total das exportações mundiais, que tem oscilado em torno de 1%, tendo passado de 0,96% em 2002 para 1,15% em 2006, ou seja, um aumento de 20%, valor pequeno comparado com a grandeza e a riqueza do Brasil. Não somente a abertura tardia aos mercados exteriores verificada nos anos 90, as deficientes infra-estruturas, a valorização do real ou mesmo a dificuldade e o custo de crédito podem explicar tal situação.
Para entendimento sobre a reduzida participação do Brasil na corrente de comércio mundial deverão ser considerados entre outros os seguintes fatores:
- O peso excessivo que as grandes empresas “tradings” ocupam no total do volume exportado;
- A reduzida participação de empresas de pequeno e médio porte no comércio exterior, pois segundo dados do Ministério Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC) em 2006 somente 17.700 empresas desse porte (indústria, comércio e serviços) operavam em comércio exterior;
- A grande rotatividade de empresas exportadoras; de acordo com estudo feito pela Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (FUNCEX), em 2005, 4.083 empresas (22,73%), deixaram de exportar e 3.185 empresas se iniciaram na exportação;
- A cultura etnocêntrica do empresário brasileiro que desacostumado com o mercado global apela em demasia ao governo proteção para o seu “grande” mercado, leva as associações patronais, a insistir nas proteções ao comércio exterior pleiteando maiores obstáculos às importações, em contraponto à atitude mundial de pleitear maiores investimentos em competitividade, e;
- O governo ao adotar políticas monetaristas em detrimento de outras de características mais desenvolvimentistas, atrai investimentos externos e não prioriza o desenvolvimento empresarial;
A situação atual da matriz exportadora brasileira, como reflexo dos fatores referidos, alavanca a exploração pelos grandes grupos econômicos das riquezas brasileiras, não somente das commodities que viram seus preços valorizados, mas ainda do esforço, da pesquisa, trabalho e investimento nos setores primário e secundário.
As perspectivas de evolução do comércio exterior de mercadorias para 2008 ficam condicionadas aos seguintes aspectos:
- A continuidade na alta de preços das commodities, sobretudo na soja e na negociação do minério de ferro com a forte demanda chinesa e aumento de preços previstos em até 25%
- A estabilidade do mercado dos Estados Unidos, o maior importador mundial.
- A regulamentação do consórcio, previsto na Lei geral da Micro e Pequena Empresa que poderá impulsionar novos participantes a atuaram no mercado exterior, mas, no entanto continuará blindado pela excessiva burocratização e concorrência de intermediários estrangeiros atuando no Brasil.
- A atual crise do subprime nos Estados Unidos, ainda não completamente resolvida, mas com reflexos ainda de proporções desconhecidas em 2008, poderá influenciar negativamente a economia brasileira afetando principalmente os produtos manufaturados, que representaram em 2006, 54,3% do total expotado, menor participação desde 1991.
Já o crescimento das exportações de serviços que segundo dados apresentados pelo MDIC, foram de 22,6% no primeiro semestre de 2007, deverá continuar, aumentando a participação no total das exportações mundiais. Embora a balança de serviços tenda a aumentar o seu déficit pelo incremento das importações, é provável que as importações de serviços de transportes, aluguel de equipamentos, serviços empresariais, profissionais, técnico e turismo aumentem. Como resultado da demanda das grandes corporações estrangeiras atuando no Brasil, do aumento previsto para o crescimento do país e ainda da valorização do real.
Nestas condições a preparação da empresa brasileira para operar nos mercados exteriores começa pela mudança cultural do empresário, que necessita enxergar o mercado como globalizado e não somente pensar no seu grande mercado que hoje não existe, pois está ao alcance de todos.
O lançamento de programas de cultura exportadora não tem tido resultados práticos; segundo o MDIC responsável pelo programa, o projeto Rede Nacional de Agentes de Comércio Exterior que integra o programa, mais de 2.500 profissionais foram capacitados na prestação de serviços gratuitos à comunidade de comércio exterior no país e, capacitados, mais de 6.000 empresários com ênfase nas micro-empresas e empresas de pequeno e médio porte; porém ao se analisar e evolução do número de empresas exportadoras verifica-se uma diminuição do número nessas empresas de 18204 em 2005 para 17700 em 2006.
Um grande número de empresas industriais brasileiras está bem equipada, possui tecnologia de ponta, profissionais bem capacitados e utiliza processos semelhantes ao de qualquer empresa.
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O Brasil e o mercado global
A rápida evolução das exportações brasileiras ocorrida nos últimos anos passou de 60,4 bilhões de dólares em 2002, para 137,5 bilhões em 2006 – aumento de 137% - não tem sido acompanhada pelo incremento da sua participação. No total das exportações mundiais, que tem oscilado em torno de 1%, tendo passado de 0,96% em 2002 para 1,15% em 2006, ou seja, um aumento de 20%, valor pequeno comparado com a grandeza e a riqueza do Brasil. Não somente a abertura tardia aos mercados exteriores verificada nos anos 90, as deficientes infra-estruturas, a valorização do real ou mesmo a dificuldade e o custo de crédito podem explicar tal situação.
Para entendimento sobre a reduzida participação do Brasil na corrente de comércio mundial deverão ser considerados entre outros os seguintes fatores:
- O peso excessivo que as grandes empresas “tradings” ocupam no total do volume exportado;
- A reduzida participação de empresas de pequeno e médio porte no comércio exterior, pois segundo dados do Ministério Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC) em 2006 somente 17.700 empresas desse porte (indústria, comércio e serviços) operavam em comércio exterior;
- A grande rotatividade de empresas exportadoras; de acordo com estudo feito pela Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (FUNCEX), em 2005, 4.083 empresas (22,73%), deixaram de exportar e 3.185 empresas se iniciaram na exportação;
- A cultura etnocêntrica do empresário brasileiro que desacostumado com o mercado global apela em demasia ao governo proteção para o seu “grande” mercado, leva as associações patronais, a insistir nas proteções ao comércio exterior pleiteando maiores obstáculos às importações, em contraponto à atitude mundial de pleitear maiores investimentos em competitividade, e;
- O governo ao adotar políticas monetaristas em detrimento de outras de características mais desenvolvimentistas, atrai investimentos externos e não prioriza o desenvolvimento empresarial;
A situação atual da matriz exportadora brasileira, como reflexo dos fatores referidos, alavanca a exploração pelos grandes grupos econômicos das riquezas brasileiras, não somente das commodities que viram seus preços valorizados, mas ainda do esforço, da pesquisa, trabalho e investimento nos setores primário e secundário.
As perspectivas de evolução do comércio exterior de mercadorias para 2008 ficam condicionadas aos seguintes aspectos:
- A continuidade na alta de preços das commodities, sobretudo na soja e na negociação do minério de ferro com a forte demanda chinesa e aumento de preços previstos em até 25%
- A estabilidade do mercado dos Estados Unidos, o maior importador mundial.
- A regulamentação do consórcio, previsto na Lei geral da Micro e Pequena Empresa que poderá impulsionar novos participantes a atuaram no mercado exterior, mas, no entanto continuará blindado pela excessiva burocratização e concorrência de intermediários estrangeiros atuando no Brasil.
- A atual crise do subprime nos Estados Unidos, ainda não completamente resolvida, mas com reflexos ainda de proporções desconhecidas em 2008, poderá influenciar negativamente a economia brasileira afetando principalmente os produtos manufaturados, que representaram em 2006, 54,3% do total expotado, menor participação desde 1991.
Já o crescimento das exportações de serviços que segundo dados apresentados pelo MDIC, foram de 22,6% no primeiro semestre de 2007, deverá continuar, aumentando a participação no total das exportações mundiais. Embora a balança de serviços tenda a aumentar o seu déficit pelo incremento das importações, é provável que as importações de serviços de transportes, aluguel de equipamentos, serviços empresariais, profissionais, técnico e turismo aumentem. Como resultado da demanda das grandes corporações estrangeiras atuando no Brasil, do aumento previsto para o crescimento do país e ainda da valorização do real.
Nestas condições a preparação da empresa brasileira para operar nos mercados exteriores começa pela mudança cultural do empresário, que necessita enxergar o mercado como globalizado e não somente pensar no seu grande mercado que hoje não existe, pois está ao alcance de todos.
O lançamento de programas de cultura exportadora não tem tido resultados práticos; segundo o MDIC responsável pelo programa, o projeto Rede Nacional de Agentes de Comércio Exterior que integra o programa, mais de 2.500 profissionais foram capacitados na prestação de serviços gratuitos à comunidade de comércio exterior no país e, capacitados, mais de 6.000 empresários com ênfase nas micro-empresas e empresas de pequeno e médio porte; porém ao se analisar e evolução do número de empresas exportadoras verifica-se uma diminuição do número nessas empresas de 18204 em 2005 para 17700 em 2006.
Um grande número de empresas industriais brasileiras está bem equipada, possui tecnologia de ponta, profissionais bem capacitados e utiliza processos semelhantes ao de qualquer empresa.